Natan Cavalcante e Samara Monteiro, 18 e 19 anos, estudantes de Jornalismo e Direito, respectivamente. Concordamos, discordamos, questionamos e expomos nosso ponto de vista como juventude pensante e participativa na sociedade. Aqui é sempre fim de tarde, num parque onde todos os bancos são nossos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Para dar adeus

Não sei ao certo como conhecemo-nos ou quando nos tornamos amigos, a data exata é provavelmente impossível de ser lembrada, mas fato é que, de conhecidos de uma infância já esquecida, por parecer que naquela época era algo distante, passamos por um estágio de (re)conhecimento, e então, criamos um laço de amizade que eu, em minha ingenua concepção, achei que era uma verdadeira amizade. A ligação crescia e se consolidava a cada dia passado numa convivência até desgastante, mas que se tornava divertida, diante de uma amizade como aquela. Depois dos inúmeros dias, meses e anos passados, as coisas mudaram como era de se esperar, e aquela amizade com quem compartilhei tantos momentos engraçados ou mesmo casuais, e que sonhei que seria uma amizade levada até o leito de morte, devido a felicidade que me trazia, tornou-se seca, sem nenhuma graça, e já não mais me diverte, já não mais me alegra e anima, já não mais me acalma, já não mais me defende, como um dia a vi fazer, por não sei que motivo, por não sei que razão. Hoje, depois de tanto tentar recuperar a um dia amada amizade que cultivei, pois sempre lembrava do trecho do livro "O Pequeno Príncipe" que diz: "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas", despeço-me daquela amizade pueril de quem um dia fui cativo e que também cativei. E esta é a última homenagem que presto à ti, que um dia amei e idolatrei como a amizade mais querida e que hoje, para minha tristeza, não passa de um coleguismo formal. Adeus.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Liberdade, ainda que tardia - Será?

Polícia nas ruas, armas em punho. Muito se falou nos últimos meses sobre a "tomada" de alguns morros cariocas pelas forças policiais. Inúmeras reportagens - muitas delas enfadonhas, confesso - retratando cada passo dado pelos "homens de preto" em direção à tão esperada paz que muitos esperam ser o resultado de tão grande operação. Na televisão mostra-se a população agradecendo-lhes, os militares beijando crianças - com quem será que aprenderam? - e todos comentando sobre os vestígios do poder estatal que via-se ali.

Mas nem tudo são flores, principalmente em um país como o nosso. "Esqueceram" de mostrar que aquele povo continua vivendo na favela, pobre, desustruturado e sem a devida assistência do Estado. Que a polícia brasileira talvez não mereça toda a confiança que lhe está sendo depositada. Que muitos daqueles moradores já sofreram abusos destas autoridades. Tantou se falou que a população não está mais sob o domínio do tráfico, então está sob o domínio de quem? As armas são as mesmas, as táticas violentas muitas vezes também! Em quem estamos confiando? A quem recorreremos quando os que devem proteger-nos fizerem exatamente o que deveriam evitar? Sou a favor da prisão dos traficantes, mas também de alguns policiais, tão criminosos quanto eles. A polícia é o instrumento de força do Direito, se esta não funciona, de que nos servem as leis? Como pode haver lei quando nem mesmo seus homens respeitam-na? Não há arcanjos neste céu, e confesso que me falta um pouco de fé em suas promessas.